sexta-feira, 9 de abril de 2010

Poderia ter sido perfeito, não foi.
Poderia ter sido de tantas outras formas que ela sonhou, igualmente perfeitas, mas a vida sempre se encarrega de dar seu brilhante toque final.
Ao invés de ponto, reticências.
Malditas reticências, tanto a incomodavam.
Para ela era inaceitável perder o controle das situações e aceitar os desvios propositais do cotidiano. Dou-lhe razão.
Infinitas possibilidades alternando-se aleatoriamente a caminho de um ponto comum. A possibilidade que menos lhe agradava geralmente prevalecia. Seria assim com todos?
Mas não era do tipo que tinha grandes pretensões. Apenas gostava de gritar a própria felicidade aos 4 ventos. Aprendeu que não podia.
Chegou a ponto de ter medo de seus próprios pensamentos. Eram tão frios quanto ela, inseguros como ela aprendeu a ser. E era exatamente esse o seu tom: misturava essa felicidade e esse abismo de uma forma inigualável. Ora caia, ora flutuava: isso ela sabia muito bem, levantava e seguia dona de si.
Mas voltando as reticências... entristecia-se por não poder escrever o fim de suas histórias.
Encaixava os personagens com cuidado em seus papéis, ensaiava as falas e fazia acontecer cada cena, construía um epílogo, enchia cada capítulo de sentimentos, conquistava uma platéia ansiosa e a conclusão... a conclusão nunca era dela.
Isso era papel de um desavisado qualquer que cruzava a sua história, de um equívoco literário ou de um acaso da vida. Mas ela não aceitava. Lançava mão das malditas reticências e esperava pacientemente o dia de construir o seu final...
*Escrevi este texto em 27/04/2007 (o tempo voa), mas tenho um carinho especial por ele... assim como por alguns outros que escrevi naquela época.
Hoje me faltam palavras.

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